Foto: José Luís Zasso/SES
O Hemocentro do Rio Grande do Sul (Hemorgs), vinculado à Secretaria da Saúde (SES), está modernizando o armazenamento do excedente de plasma, componente do sangue que pode ser utilizado na produção de medicamentos essenciais. O serviço já recebeu cinco novos freezers enviados pelo Ministério da Saúde, capazes de atingir temperaturas de até -30°C, garantindo maior segurança e qualidade no processo.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
Segundo a superintendente estadual do Ministério da Saúde, Maria Celeste da Silva, além do hemocentro da capital, outros três serviços do Estado serão beneficiados: os hemocentros regionais de Passo Fundo e Pelotas e o Banco de Sangue do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), em Porto Alegre.
Ao todo, o Rio Grande do Sul receberá 20 equipamentos para armazenamento de plasma, em um investimento superior a R$ 3,3 milhões do governo federal. A iniciativa integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), que destina R$ 100 milhões para modernizar hemocentros em todo o país, com 604 aparelhos para 125 unidades em 22 Estados. A ação, em parceria com a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), busca ampliar em 27% a coleta de plasma, garantindo mais medicamentos de origem sanguínea e tratamentos vitais pelo SUS.
O Hemorgs foi o primeiro serviço do Estado a receber os novos equipamentos. Na segunda quinzena de dezembro, o local deve receber um blast freezer, que realiza congelamento ultrarrápido. Esse mesmo equipamento também será entregue ainda este ano aos dois hemocentros regionais. Para 2026, está previsto um novo lote para o Estado, com três freezers que chegam a -80°C e outros oito que atingem -30°C, como os já instalados no hemocentro da Capital, ampliando ainda mais a capacidade de conservação.
De acordo com a hematologista e responsável técnica do Hemorgs, Clarissa Ferreira, após o congelamento rápido, o plasma pode ser armazenado a -30°C por até dois anos. Ela também explica que cerca de 15% do plasma coletado é utilizado em transfusões. O restante, aproximadamente 85%, é congelado e enviado à Hemobrás, empresa pública que produz medicamentos derivados do sangue, como os utilizados no tratamento da hemofilia.
Em 2025, o Hemorgs encaminhou, em média, 613 bolsas de plasma por mês à Hemobrás. Com a modernização, esse número pode aumentar em até 50%, beneficiando pacientes que dependem de produtos como albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação.
O hemocentro registra cerca de 2 mil doações mensais. Entre os principais demandantes está o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre (HPS), que utiliza cerca de 450 bolsas de sangue por mês.
Processo de separação dos componentes
Cada doação coleta cerca de 450 ml de sangue total, que é separado em três componentes principais. Desse volume, obtêm-se cerca de 270 de hemácias (a parte vermelha), usadas para repor sangue em casos de anemia, cirurgias e traumas. Outros 180 ml são o plasma (a parte amarelo-claro), empregado em transfusões e na produção de medicamentos. A terceira fração é composta por uma pequena parte de plaquetas, indicadas para pacientes com câncer ou baixa contagem dessas células.
O plasma é essencial para produzir medicamentos hemoderivados, como albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação VIII e IX, usados no tratamento de queimaduras, cirurgias complexas, deficiências imunológicas e distúrbios de coagulação, como a hemofilia. Esses medicamentos são fabricados pela Hemobrás em Pernambuco.
*com informações da SES RS